A minha investigação centra-se no estudo das respostas salivares humanas aos estímulos visuais e olfativos, e no impacto que estas têm na perceção sensorial e avaliação dos alimentos. Este conhecimento é crucial para se entender melhor não só como processamos e reagimos aos estímulos alimentares, mas também o modo como estes processos acabam por influenciar o nosso comportamento alimentar. Com base nas minhas descobertas, pretendo desenvolver estratégias multissensoriais que contribuam para a promoção de dietas saudáveis e para o tratamento de distúrbios alimentares.

Enquanto bioquímica de formação, encontro-me a realizar o meu programa de doutoramento no Laboratório de Biologia Oral e Proteómica Salivar do MED – Instituto Mediterrânico para a Agricultura, o Ambiente e o Desenvolvimento, na Universidade de Évora. Lá conduzi recentemente um estudo com 40 participantes de ambos os sexos, através do qual procurei avaliar as diferenças entre as respostas a odores alimentares (baunilha e laranja) e a odores não alimentares (pinho), nomeadamente no que toca à salivação, à condutância da pele e ao ritmo cardíaco. Os resultados preliminares indicam que, tal como se esperava, a exposição a odores alimentares aumentou a salivação relativamente aos não alimentares.

Antes de iniciar o doutoramento, investiguei as alterações dos perfis proteicos salivares que resultam de fatores como a obesidade ou a participação em programas de perda de peso, e avaliei os seus efeitos de curto prazo no consumo de vários alimentos. A totalidade do meu trabalho em laboratório proporcionou-me grande experiência e competência em bioquímica analítica, bem como a oportunidade de orientar os trabalhos de investigação de estudantes de licenciatura e mestrado. Entre as várias técnicas de análise que aprendi a dominar destacam-se a eletroforese bidimensional em gel (2DE), o SDS-PAGE, o Western blotting e o método ELISA.

Embora estando já no último ano do meu programa doutoral, mantenho a paixão por compreender melhor as alterações que a visão e o cheiro dos alimentos podem desencadear na composição da saliva, e que, por sua vez, podem influenciar a perceção oral dos alimentos. Após a conclusão da minha tese, quero continuar a desenvolver investigação nesta área, explorando desta feita o modo como o cérebro responde à antecipação da ingestão de diferentes tipos de alimentos, particularmente em indivíduos que sofrem de distúrbios alimentares.

Desde 2020, tenho estado também envolvida no projeto SensePredict, um empreendimento empresarial de base científica centrado no desenvolvimento de uma ferramenta que utiliza a saliva artificial para prever a intensidade dos diferentes sabores alimentares sem a necessidade de realizar provas de produto. Este projeto combina a investigação científica com o empreendedorismo com o objetivo de promover a inovação na indústria alimentar.