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SUSINCHAIN 

SUStainable INsect CHAIN 

ENQUADRAMENTO E OBJETIVOS

Os insetos são uma fonte muito promissora de proteína e outros nutrientes essenciais à alimentação humana ou animal, estando a sua utilização em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas em termos da promoção da autossuficiência alimentar e do consumo sustentável. A integração de insetos nas dietas humanas e animais encontra-se já largamente difundida na Ásia, África e América Latina e do Sul, mas na Europa as reações a esta prática continuam a ser marcadas por forte resistência e relutância. Não tem ajudado que a legislação europeia exija autorização própria para a produção e comercialização de insetos e produtos derivados destinados à cadeia alimentar, e que as empresas a impulsionar o setor sejam sobretudo start-ups de pequena dimensão, enquanto as grandes marcas alimentares continuam a hesitar investir devido a riscos de imagem e custos elevados.
O projeto SUStainable INsect CHAIN (SUSINCHAIN) visou contribuir para o aumento do fornecimento de novas proteínas para a alimentação animal e humana na Europa, em alternativa à carne, ajudando a ultrapassar as barreiras – tecnológicas, culturais, legais – à viabilidade económica da cadeia de valor da produção de insetos e a escalar o mercado para os produtos derivados. Este projeto decorreu entre outubro de 2019 e setembro de 2023, tendo sido financiado pelo programa Horizonte 2020 da União Europeia. 
O SUSINCHAIN mobilizou um consórcio de 35 parceiros, entre universidades, institutos, empresas e associações empresariais, de 14 países, com o compromisso de executar um plano de atividades assente em nove pacotes de trabalho. A Universidade Católica Portuguesa (UCP) integrou este consórcio sob a liderança da CATÓLICA-LISBON School of Business and Economics e com a colaboração da Escola Superior de Biotecnologia (UCP Porto). Neste âmbito, as investigadoras do Food Behaviour Lab lideraram ou colaboraram na execução de tarefas de investigação pertencentes ao primeiro (Oportunidades de Mercado e Aceitação pelo Consumidor) e ao quinto (Insetos na Dieta Humana Regular) pacotes de trabalho, para além de participarem em atividades de exploração, comunicação e divulgação dos resultados do projeto.

MÉTODOS

OPORTUNIDADES DE MERCADO

Para determinar o modo como os diversos intervenientes na cadeia de valor da produção de insetos na Europa percecionam a importância dos obstáculos a ultrapassar e dos riscos a enfrentar nesta atividade, bem como para identificar as estratégias de gestão de risco que aplicam, foi concebido e administrado um inquérito online a uma amostra de 57 representantes de empresas.

ACEITAÇÃO PELO CONSUMIDOR

Um inquérito relativo às preferências do consumidor europeu por alimentos substitutos da carne à base de proteína de inseto e por produtos de carne de animais alimentados com proteína de inseto foi concebido e administrado online a amostras de consumidores adultos na Alemanha (n=516), Itália (n=502) e Portugal (n=505). O inquérito incluiu um desenho experimental longitudinal (discrete choice experiment) para avaliar as preferências, bem como um tratamento transversal (exposição a informação sobre as vantagens da integração de insetos para a sustentabilidade versus valor nutricional dos produtos).

INSETOS NA DIETA HUMANA REGULAR

Com o intuito de promover uma mudança de hábitos alimentares através da redução do consumo de carnes vermelhas e processadas, substituindo-as por alimentos inovadores à base de insetos e leguminosas, foram desenhadas e implementadas três intervenções comportamentais, uma na Dinamarca (n=40 díades progenitor(a)/ filho(a)) e duas em Portugal, uma liderada pela UCP (n=66 casais jovens) e outra pela Universidade do Porto/SenseTest (n=58 casais). As intervenções, cada uma com a duração de 6 semanas, incluíram o preenchimento de inquéritos e diários alimentares, a participação em provas de análise sensorial, a confeção e o consumo em casa, ao jantar, de vários produtos contendo proteína de inseto ou vegetal em substituição da carne, bem como o registo e a avaliação destes consumos.

RESULTADOS

OPORTUNIDADES DE MERCADO

  • Foram avaliadas 60 barreiras e riscos associados à produção de insetos e produtos derivados para alimentação na Europa, assim como 20 estratégias distintas de gestão de risco 

  • As barreiras e os riscos financeiros, de custos e de mercado foram considerados como os mais importantes pelas empresas inquiridas, referindo-se especificamente à falta de investimento e à incerteza que marca tanto os preços das matérias-primas como a procura 

  • As restrições legais foram consideradas como limitadoras das oportunidades de expansão em todas as etapas da cadeia de valor; já os obstáculos relativos à segurança dos trabalhadores e à segurança alimentar foram geralmente considerados menos importantes

  • Apontaram-se como principais estratégias de gestão de risco os investimentos em tecnologias que assegurem uma maior estabilidade da qualidade e da quantidade de insetos e produtos derivados colocados no mercado

  • As empresas inquiridas mostraram-se moderadamente otimistas quanto à futura redução dos riscos operacionais e financeiros, de custos e de mercado, recomendando o incremento das oportunidades de financiamento e a expansão das autorizações para a utilização de diferentes substratos de crescimento, no âmbito de modelos de negócios baseados na economia circular, de modo a promover a produção de um conjunto mais vasto de ingredientes à base de insetos para alimentação animal e humana de alta qualidade

ACEITAÇÃO PELO CONSUMIDOR

  • A integração de proteína de inseto em alimentos que visam substituir a carne nas refeições foi largamente rejeitada pelos consumidores europeus, com estes favorecendo mais a integração de proteína vegetal ou a utilização de carne proveniente de animais alimentados com insetos

  • Neste âmbito, os consumidores revelaram forte preferência por produtos com certificação biológica e produzidos na União Europeia

  • A exposição dos consumidores alemães e italianos a informação sobre os benefícios para a sustentabilidade da substituição da carne por proteína de inseto na dieta humana contribuiu significativamente para reduzir a rejeição dos alimentos à base de inseto; já entre os consumidores portugueses, tal efeito só pôde observar mediante a exposição a informação sobre o elevado teor de proteína e o valor nutricional destes produtos

  • O vegetarianismo/veganismo, a suscetibilidade ao nojo alimentar, a presença de crianças no agregado familiar e a idade tendem a aumentar a rejeição dos alimentos à base de inseto

INSETOS NA DIETA HUMANA REGULAR

  • Não foi possível alcançar a meta de 20% de substituição da ingestão de proteína de carne por semana: esta substituição foi de apenas 5% nos adultos e 2% nas crianças, no caso das díades consumindo os produtos à base de inseto, e 9% e 4% nos produtos com proteína vegetal, respetivamente

  • Contrariamente ao esperado, a aceitação dos produtos tanto de proteína de inseto como de proteína vegetal foi diminuindo ao longo das várias experiências de consumo e com o aumento da familiaridade; em qualquer dos casos, a aceitação dos produtos com proteína vegetal foi sempre globalmente superior à daqueles com proteína de inseto

  • O tipo de proteína alternativa à carne utilizado – inseto ou vegetal – é apenas uma das variáveis que influencia o modo como os consumidores avaliam a qualidade sensorial dos alimentos substitutos da carne e, portanto, as suas preferências neste domínio; outras igualmente importantes são os seus gostos idiossincráticos e expetativas, a sua sensibilidade ao nojo alimentar, os seus padrões de dieta e as suas atitudes face aos vários hábitos e costumes alimentares

  • Mimetizar bem a aparência e a textura da carne, mesmo se não necessariamente o sabor, é o que explica o sucesso da proteína vegetal; isto pode ser facilmente copiado nos produtos com proteína de inseto, começando por aqueles naturalmente mais suculentos e com sabor mais salgado

  • No caso de preparados para refeições, é ainda essencial respeitar o perfil de sabores e texturas prototípicos da receita tradicional no que respeita aos restantes ingredientes

  • Os produtos com proteína de inseto devem ser o mais otimizados possível do ponto de vista sensorial e apresentados no mercado de forma a minimizar eventuais reações de aversão e repulsa, quer induzidas cognitivamente por pistas na embalagem do produto ou na sua aparência, quer experienciadas sensorialmente durante a prova

PUBLICAÇÕES

APRESENTAÇÕES

  • Desafios Emergentes: A Alimentação. Encontro Nacional Clubes Ciência Viva na Escola, Lisboa, 2023

  • Early adopters of insect foods in Portugal and their preferences. Final symposium SUSINCHAIN, Wageningen, 2023

  • Tendências e Escolhas dos Consumidores. Ciclo Mensal de Conversas "Alimentar Uma Causa" da Fundação Serralves, Porto, 2023

  • ChangeEat! Dietas Sustentáveis em Jovens Casais Portugueses: Jantar Proteínas Alternativas! Jornadas de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, Porto, 2023

PÓSTERES

  • Sensory profiling and acceptance of Bolognese-type sauces by consumers: How do insect and plant proteins fare against red meat? Final symposium SUSINCHAIN, Wageningen, 2023

  • Profiling early adopters of insect-based foods in Portugal and their preferences. Final symposium SUSINCHAIN, Wageningen, 2023

  • Consumer acceptance of insect-based food and feed products – the case of never-takers. Final symposium SUSINCHAIN, Wageningen, 2023

EVENTOS

IMPACTO

Prova oral_SUSINCHAIN

Prova Oral entrevista investigadoras do FBL

Susinchain_video2

Como integrar alimentos à base de insetos na dieta europeia?

Susinchain_video1

De que forma se consomem alimentos à base de insetos?

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